quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

O lendário edifício São Vito

Por: Renato Galvão



O edifício São Vito sem dúvida alguma faz parte da história do Centro de São Paulo. O arranha-céu, conhecido vulgarmente como Treme-treme, deve ser implodido segundo a prefeitura de São Paulo, junto com o vizinho edifício Mercúrio. Foi entregue em 1.959, com área de 21 mil m2, 26 andares, 24 quitinetes por andar, formando ao todo 624 apartamentos com 30 m2, além de um salão e um auditório na cobertura. Situado na avenida do Estado, 3.197, próximo do Mercadão da Cantareira e do terminal de ônibus Parque Dom Pedro II, abrigou durante muito tempo, até sua desapropriação total, em 2.004, pequenos comerciantes da região, funcionários e colaboradores do próprio Mercadão, aposentados, famílias comuns, trabalhadores, profissionais autonômos - cabeleireiros, manicures, vendedores e até alguns professores e advogados.

Assim como todo o Centro de São Paulo, sua degradação ocorreu no início da década de 70, com a proliferação da prostituição e das drogas.

Travestis, prostitutas e michês, usavam as quitinetes como local de sexo, além de morada e abrigo de cafetões. Pequenos traficantes, viciados em drogas entre outros passaram a morar também no São Vito. Com isso, muitos condôminos deixaram de pagar as prestações do imóvel e também o condomínio. Imagine, um prédio enorme, com 26 andares e cobertura, onde poucos pagavam as dívidas. É claro, que entraria em um período de ostracismo e decadência. Segundo alguns ex-moradores, que preferiram não se identificar, no São Vito, já morreram mais de 50 pessoas, e muitos não passaram sequer no registro do Instituto Médico Legal.
Os elevadores pararam de funcionar em 1.990. Em 2.004, ano da desocupação, mais de 3 mil pessoas residiam no prédio. Pelo que sei, a prefeitura pagou bolsas aos moradores do São Vito, mas muitos dizem que até hoje nada receberam. O Mercúrio (creio que esteja desapropriado), também dará lugar a uma praça, que deve ser construída, após a implosão dos dois edifícios. A ex-prefeita Marta Suplicy (PT), queria dar outro rumo aos dois, com uma revitalização das torres, e novos moradores na região. Para se ter uma idéia, do baixo preço do São Vito, no ano 2.000, uma quitinete custava pouco mais de R$13 mil.

Veja o que alguns moradores falaram sobre o São Vito:

Mauro Rocha Oliveira - comerciante: Esse prédio foi uma porcaria, perdi a conta de quanta gente morreu ali, e o pior era o corredor entúpido de lixo, cheio de baratas e ratos.


Suelen Miranda - cabeleireira: Morei muitos anos no São Vito. Em seus últimos anos de habitação, boa parte das famílias que lá moravam, eram invasoras. Não tinha elevador e tudo funcionava com "gambiarras". Constantemente era roubada pelos vizinhos, que invadiam meu apartamento naa cara de pau.

Renata Prins - travesti: O São Vito era maravilhoso, lá fazia programas, me divertia, fumava maconha, usava crack. Hoje, aqui na Vila Buarque, não posso fazer mais nada disso, pois o síndico dá bronca.

Patricia Miranda Tadeu - professora: Morei no São Vito até 1.977. Era muito bom no começo, além da localização. Nos anos 80 foi o fim, qualquer um entrava, fumavam maconha dentro do elevador, faziam sexo nas escadarias, um nojo.

Por incrível que pareça, não consegui um depoimento falando bem do São Vito. Eu, não tenho boas lembranças desse prédio. Duas vezes que estava de carro na avenida do Estado, altura do Treme-treme, o veículo foi atingido por sacos plásticos. Um cheio de urina e o outro repleto de fezes. Certa vez, em 2.003, estava passando de ônibus no viaduto Diário Popular e vi, que um vagabundo, jogou sacos de lixos pela janela, ao todo uns 20. Assistindo ao SPTV (Rede Globo), em 2.004, vi um morador entrando pela janela minúscula do apartamento vizinho, para fazer o quê? Com toda certeza roubar. Ao seu redor, vi muitas vezes drogados e embriagados ao extremo.

Então pergunto? Para que São Paulo ter um prédio desse nível nos dias atuais. O São Vito está acabado, feio, sujo, e com os sistemas hidráulicos e elétricos comprometidos. Quem estava com a moradia em ordem, foi ressarcido pela prefeitura de São Paulo. Caso isso não tenha ocorrido, pois é necessário uma averiguação mais aguda, segundo a prefeitura, pagou tudo, porém, alguns moradores dizem que não receberam nada, se bem que não mostram provas, então o São Vito ainda fará muito barulho, junto com o Mercúrio, e o destino de ambos deve ser mesmo a demolição.

Postado por Renato Galvão às 9:10 PM 0 comentários
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Trago aqui em imagens e lembranças um pouquinho da memória. São fotografias de Ruas do bairro e das que o interigam aos bairros vizinhos ou adjacentes....

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